domingo, 2 de agosto de 2015

Abrilhantando a vida
Por Luiz Maia

Existiu uma mulher em Vila do Conde que escrevia poesias para presentear os casais apaixonados - ela fazia de sua arte uma razão de vida. Conheci a história de uma mocinha simples, em Santiago do Chile, que dizia descobrir o futuro das pessoas através das cartas de baralho - mas sua intenção era apenas a de plantar esperança no coração dos homens. Um dia eu vi uma jovem pintando lindas telas em Piranhas, cidade situada às margens do Rio São Francisco - seu interesse era levar a cultura de sua gente aos turistas que atravessavam aquele Rio. Sei de muitas mulheres que fazem artesanatos de barro em Tracunhaém - PE, outras que plantam mandioca e depois trabalham nas casas de fazer farinha em Brejão - PE. Atividades de pouca visibilidade que elas exercem, ora por diletantismo, ora para suprir suas necessidades. Todas se consideram felizes, agentes de suas vidas, responsáveis por suas escolhas, realizadas em seus afazeres.

Havia na ABBR, uma clínica de reabilitação no Rio de Janeiro, um jovem internado de nome Luís. Um mergulho num rio o deixara tetraplégico, passando a viver com sérias limitações numa cadeira de rodas. Na clínica ele passou quase três anos, onde fora se tratar. Um dia precisou retornar à sua cidade, Salvador - Bahia. Não demorou muito para ele nos escrever. Entre as notícias recebidas, uma chamou-me a atenção: dizia ele que só agora havia encontrado a felicidade, já que estava podendo tomar o seu banho embaixo do chuveiro, algo que ele só fazia deitado no leito do hospital. Em outras palavras, ele passou três anos tentando se recuperar de um trauma, vindo a descobrir a "felicidade" ao tomar banho de corpo inteiro, livre como um passarinho. Como pode ser simples ser feliz.

Quantas pessoas reclamam da vida e não encontram razões para ser feliz. Talvez não percebam que muito do que lhes acontece é resultado das opções que fizeram na vida. Há quem tenha escolhido percorrer caminhos mais difíceis, tortuosos. Outros buscaram fora de si ou em um futuro idealizado a tão desejada felicidade. Esquecem de viver o presente, de desfrutar das atividades mais simples e cotidianas onde, por vezes, a felicidade se esconde. Parecem preferir olhar o que lhes falta. Ou talvez nem ao menos saibam o que desejam da vida e por isto são incapazes de reconhecer a felicidade que está à sua frente. Seria então a felicidade uma escolha, uma forma de tecer a vida, de trilhar nossa jornada? Se assim for, só nos resta optar por ser feliz e prosseguir no caminho que nos levará à satisfação interior.

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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.



"É preciso entender que o sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um mundo melhor."

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