terça-feira, 13 de setembro de 2011

Meu encontro com Vinicius

Luiz Maia

"Eu possa dizer do amor / Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure." - Bem à vontade, sentado numa cadeira de bar do hotel, despojado de vaidades, metido numa bermuda surrada, foi assim que de repente Vinicius de Moraes surgiu diante de mim. Foi no ano de 1972, na cidade do Recife. Ao lado de Toquinho e Maria Medaglia, Vinicius viera participar do show 'Encontro', no Teatro Santa Isabel. Foi um prazer imenso poder conversar um pouco com ele, num hotel à beira-mar de Boa Viagem. Impressionava-me o fato dele não largar o copo de uísque. Não que ele ficasse a beber o tempo inteiro. Não era isso. Talvez mantivesse o hábito de levar consigo a bebida por necessitar de um apoio. Houve um momento em que ele elogiou a acústica do teatro e a cor esverdeada do mar nordestino. Depois, com um sorriso nos lábios, disse-me que as mulheres do Recife eram belas como as do Rio. Depois fizemos um brinde à vida, enaltecendo a mulher Brasileira. Uma noite eu fui ao show a convite dele. Como esquecer minha alegria ao vê-lo cantando músicas que eu só escutara nas rádios? Na verdade eu não sabia ao certo o presente que o destino me reservara, pois só passei a valorizar esse encontro anos depois de sua morte. Ignorava a real dimensão de sua importância na literatura e na música popular brasileiras. Vinícius de Moraes será lembrado como o maior poeta lírico do seu tempo.

Não teria sentido eu ficar aqui falando de suas qualidades porque outros assim já o fizeram. Apenas dizer que sua linguagem coloquial fez dele um dos maiores compositores da MPB, sendo freqüentemente requisitado para realizar shows pelo mundo afora, ao lado do parceiro Toquinho. Era fácil perceber em Vinicius a marca do poeta que cantava o amor no dia-a-dia, tendo na figura da mulher sua fonte de inspiração maior. O mundo inteiro pode conhecer suas poesias, sonetos e baladas. Foi uma honra poder conversar amenidades com o poeta, desfrutando de bons momentos ao seu lado. O fato é que ele merece o reconhecimento de todos pela arte que nos foi legada. Tenho guardado até hoje comigo um autógrafo seu, simples lembrança daquele nosso encontro.

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